A história da REP começou muito antes de implementar o modelo com os meus pacientes. Precisou de tempo e de muito conhecimento para chegar à sua criação e lapidação. Já são 22 anos de estudo que, hoje, resulta num trabalho sério e diferenciado, que gera resultados transformadores na vida das pessoas.
Parte significativa dessa trajetória foi iniciada quando fiz curso de Deep Memory Process, com Roger Woolger, PhD. Durante as aulas práticas, havia algo que chamava muito a minha atenção: ele sempre terminava o trabalho de integração dos aspectos psicológicos com uma pergunta muito interessante e que ficou gravada para mim.
"O que você ainda guarda na sua memória? "
Eu percebia que essa pergunta fazia um efeito muito importante para quem estava passando pelo processo terapêutico. Era como um marcador capaz de chamar a atenção da pessoa para que ela pudesse perceber, em seu dia a dia, o que ela repetia do que ficou gravado em suas memórias (filogenéticas e ontogenéticas).
A pergunta era feita sempre ao final do processo e foi com base nela que despertei o interesse por pesquisar mais sobre as memórias. Passei a observar esses marcadores no meu dia a dia também, e foi através dessas observações que eu comecei a perceber que o nosso comportamento e, principalmente, a nossa forma de pensar não são pensamentos muito originais, mas repetições baseadas em memórias emocionais e traumáticas, na sua maioria herdadas e por vezes influenciadas por essas memórias herdadas, resumindo, não não nossas.
Diante dessas descobertas, comecei a pensar numa forma de desfazer e diluir esses marcadores presentes em situações cotidianas da nossa vida. Passei a estudar sobre as memórias, fazer essas observações diante da minha própria vida, dos meus pensamentos, dos meus comportamentos e da forma que eu interpretava o comportamento das pessoas, com relação a mim e com relação aos acontecimentos. Passei a perceber que isso tinha uma ligação direta com a formação da personalidade e seus sistemas de defesa, e a principal origem com a qual a personalidade se desenvolve, o instinto de sobrevivência. Para Freud, também chamado de ID.
Percebi que o instinto é esse marcador. Algo que faz parte do nosso sistema biológico e que norteia o desenvolvimento do nosso aspecto psicológico. Mas como lidar com ele? O fato desse marcador estar presente por toda a nossa vida, faz com que a gente precise desenvolver estratégias para que ele não defina o resultado final – os nossos comportamentos, nos tonando reféns desse sistema de proteção e de memórias ancestrais.
Foi assim que desenvolvi a REP, esse modelo de Psicoeducação, exatamente para levar as pessoas à um ponto de equilíbrio e fazer elas perceberem esse marcador como um sinal de alerta e, a partir dele, ter a opção de tomar decisões de uma forma mais autônoma, não agindo simplesmente por uma resposta automática a esse marcador e, sim, viver de acordo com quem verdadeiramente é, para além dos instintos, das memórias e da personalidade.
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